o poder da escrita

Sabes, Cerejinha, apesar de trocar vários e-mails com outros amigos… porque a amizade é como uma flor que precisa de ser regada e tal…, é contigo que o faço de forma diária (excepto sábado e dia do Senhor) e frequentemente.
Fiz aqui uma pequena análise estatística e trocamos uma média de 15 e-mails por dia, com uma média de 5 linhas em cada.
E os assuntos? Do mais variado possível! E nunca nos cansamos de o fazer; e nunca nos falta assunto; e nem precisamos de concordar; e aquilo que reparamos ou aprendemos! sobre cada uma de nós, sobre as experiências que uma passou e a outra não teve conhecimento; como acima escrevemos: sobre tudo e sobre nada (e sapatos, claro! mas também podia ser sobre verniz ou filhos ou desgostos ou gajos-giros ou vitórias!)

Não nos afecta o profissionalismo, nem atrasa-nos os entregáveis e naturalmente que em dias mais complicados baixamos a prioridade da resposta à outra.
E quando de manhã não recebemos um “bom-dia” com a continuação do tema do dia anterior, toca de enviar sms a perguntar se “estás doente?”.

O facto de – por tua sugestão – expormos estes temas num contexto publico e de (por acréscimo e da minha parte nem sequer esperado) ganharmos leitores activo-participativos é que me suscita a curiosidade.
Os amigos de parte-a-parte… ainda se compreende; é quase como um “Gosto”; um sinal que visitaram o blog, leram o que escrevemos e deixam um comentário; eu também faço isso quando visito um museu ou um restaurante com o livro de presenças.

Mas onde está o interesse disto?
E atenção – como já falámos – não digo que as pessoas que o escrevem não sejam interessantes.
Mas, se calçar os sapatos dos leitores deste blog… e faço-o várias vezes de tal forma que o tema me suscita curiosidade, onde é que está o interesse? é aquilo que escrevemos sobre os nossos filhos? a verdade é que só quem é Mãe ou Pai (e não escrevo progenitor propositadamente) é que entende, esta baba que nos escorre porque a nossa cria disse uma gracinha! são os ataques de frustração que me dão e desato a escrever asneiras numa forma primitiva de descarregar a insegurança que o cabrão do M me causou com a sua traição e rol de mentiras? os nossos pontos-de-vista sobre as eleições, sobre as mulheres-bem-ou-mal-casadas, os amigos-coloridos, a nova colecção da mango…? é o quê?

Bem… porque sim, porque não têm mais nada que fazer, porque atravessaram experiencias semelhantes ou porque são naturalmente cuscos, a verdade é que… talvez, tenha sido exactamente esta experiencia, a do nosso blog, que me proporcionou um convite que me honra tanto… de escrever a história do encontro de duas soul mates no dia do seu casamento!

E agora que já aterrei da leveza que a honra deste convite me fez sentir...... ESTOU EM PÂNICO!!!
porque onde começo? e se eles não gostarem? e se não conseguir entregar a tempo?