A D acredita que é mais que as outras crianças e que não tem de cumprir as mesmas regras, fazendo disso um grande alarido. Ora isto em linguagem corrente, designa-se de mimada, birra e má-educação.
Como alguém me disse, chamar "mal-educada" a uma criança, é na realidade uma ofensa aos pais, pois são eles que não a educam da melhor forma.
Quantas vezes já lhe disse que é a pessoa mais importante para mim? E é de facto. Mas não é a unica pessoa à face da terra. E de quantas privaçoes já eu me infligi para a satisfazer? E faria de novo mas isso não significa que o mundo gire em seu redor. Agora (e só agora) me apercebo que é meu dever, como Mãe, de lhe explicar tudo isto, pois um dia e, talvez mais cedo que eu imagino, vai senti-lo na pele.
Creio que o facto de eu me sentir mal quando castigo a D, transparece, não fosse pelo simples facto de eu lhe dizer o quanto me custa. Claro que mesmo assim a castigo; mas as crianças são como os cães e se, neste caso, não lhe cheira a medo, cheira-lhe, sim, à minha dor.
Hoje, por exemplo, a responsável do seu grupo no acampamento, assim que saiu da carrinha reportou-me de imediato:
- a D fez-me isto às calças e aos pés (apontando para a sujidade notória) porque não se queria vir embora e só queria apanhar borboletas. Tive de a agarrar e sentá-la na cadeira! e não queria pôr o cinto! a sua filha só quer fazer o que lhe apetece e não obedece a ninguém!
Ai amiga....que vergonha!
E que castigo!
Vim o caminho todo em silêncio e quando chegámos a casa, mandei-a tomar banho, vestir o pijama e meteu-se na cama. Chamei-a para o jantar, onde só comeu a sopa, lavou os dentes e voltou novamente para a cama.
Não teve história, não teve miminhos...
Disse-lhe que não merecia o carinho que lhe dava; que em vez de sentir orgulho, que senti vergonha.
Doi-me imenso tudo isto. Doi-me mais dizer-lhe estas palavras do que ela se ter comportado mal.
Continuarei a ser firme, claro; doa o que doer, a D tem de saber se comportar.
(mas sim, claro, preocupa-me imenso o efeito que as minhas acçoes e palavras possam ter nela...)
Talvez fosse boa ideia falares com ela sobre isso, e o que a leva a agir assim (apesar de parecer óbvio, é uma forma de a fazer entender aquilo que faz e as suas motivações versus convivência em comunidade).
ResponderEliminarNota... não é necessariamente mau ela fazer o que quer quando quer... isso até pode servir-lhe muito bem no futuro, tornando-a numa pessoa que vive o que gosta e sente, e ser uma pessoa decidida e empreendedora. O que me parece poder estar a acontecer, é que ela não está a conseguir medir essa característica dela com a convivência em grupo ou sociedade.
Onde quero chegar é... e independentemente do castigo (que também são positivos pela responsabilização dos actos)... que talvez possa existir um meio termo sem necessidade de se "quebrar" essa sua natureza, e ajudá-la a encontrar o seu "lugar" a cada momento.
Não sei se ajudei a ver a questão de outro prisma...
Nota adicional: não tens de te sentir mal por isso
Nota adicional: não tens de te sentir mal por isso, nem vergonha.
ResponderEliminarAs crianças estão constantemente a testar a sua força e capacidade de contornar "obstáculos". Apesar de seres responsável pela sua educação (e a mim parece-me que a D está muito bem acompanhada nesse campo) e legalmente responsável pelos seus actos (por ela ser menor) na verdade... ela é um ser distinto de ti, com pensamento e vontades próprias, e não te podes sentir responsável por isso.
E quem te "tentar" fazer sentir culpada por isso está completamente errado!
Tu estás a fazer o melhor a cada momento. Podes sempre melhorar a cada experiência. É uma aprendizagem da D... mas também é a tua aprendizagem. Em vez de te sentires mal ou envergonhada analisa a situação (tentando sempre ver o lado dela também) e altera o que achares que deves alterar para melhorares os resultados.