quinta-feira, 30 de junho de 2011

a saga da Martha continua

Fomos as três, eu, a D e a Martha ao supermercado. Descemos e saímos pela porta principal do prédio. Um táxi pára imediatamente (aqui são ao pontapé; aquela cena de estares na rua à espera de um táxi não acontece por estes lados; aliás, não podes andar na rua sem eles estarem sempre a buzinar para confirmar se procuras um!) e a Martha negoceia o preço com ele; já temos outro táxi atrás para o caso deste processo de negociação não ter sucesso.

Chegamos ao supermercado e separamo-nos, cada uma com a sua lista de compras; a minha é para um jantar que vou dar mais logo a um grupo de amigos. Só assim é que consigo ter um carrinho só para mim, pois é suposto ela empurrar o carrinho atrás de mim enquanto eu vou indicando o que quero que ela tire das prateleiras....

Passados alguns minutos vem ter comigo a perguntar se eu tinha percebido o que o altifalante anunciou: um simulacro de um sismo. Confirmo e combina comigo que, quando o alarme soar, vem ter comigo.
Assim faz e juntamente com os restantes clientes e empregados, ficamos 10 minutos na rua... eu aliás, fiquei debaixo de um candeeiro... enquanto a D brincava aos saltos... é suposto durante um sismo?

Prosseguimos e no final, ajudo-a na passadeira da caixa. Arrependo-me logo de seguida pois fiz o disparate de colocar o detergente para a roupa mesmo atrás da alface e segundo ela "nós cá não misturamos a comida com as outras coisas", e lá vai o detergente recambiado de novo para o carrinho. (peço desculpa sim?)

Bem, temos um rapazinho que organiza os sacos, e outro que empurra o carrinho até à rua e chama-nos um táxi. À chegada do prédio, no interior da garagem, ela pede ao moço que ali está sempre de serviço que me acompanhe e à menina ao elevador principal, enquanto ela tira os sacos do táxi e carrega-os pelo elevador de serviço!

Deixa-me só dizer-te que esta mulher tem uma deficiência num dos braços devido a um acidente de automóvel a alguns anos atrás mas que não a impede de fazer o que for. Não sei como porque aquela mão faz um movimento de 90º graus para a direita para depois o braço fazer outro de 45º para a esquerda. Não queiras saber...
Além deste "emprego", ela tem alguns apartamentos alugados, uma garagem onde faz costura e ainda organiza baby showers.

Não fosse ela nativa.. diria que é uma mulher-do-norte-carago!

1 comentário:

  1. Agora avalia se ela é feliz... e depois diz-me qq coisa.

    Entretanto... não sentes falta de algum nível de independência?
    É uma vida boa, essa que estás a levar. Mas... ...acompanhada para aqui, acompanhada para ali... e até mesmo no elevador? :|



    A forma como encaramos as coisas, adversidades ou fortúnios, depende em muito do nosso estado de espírito e da forma como nos permitimos viver as coisas. Nós condicionamos as nossas vivênvias de acordo com as nossas experiências passadas, cultura e crenças (não necessariamente religiosas, mas também).

    Este parágrafo parece despropositado neste contexto...
    ;)

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